segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Integração sensorial

       O cérebro recebe constantemente grandes quantidades de informações através dos sentidos (movimento, toque, cheiro, olhar, som etc). É
através deles que a criança, conforme aprende a se mover, equilibrar-se e relacionar-se com os objectos e pessoas ao seu redor, aprende sobre o mundo em que vive. O cérebro organiza e interpreta todas as informações recebidas para possibilitar uma resposta. Essa organização e interpretação que o cérebro dá à informações sensoriais é chamada de integração sensorial. Ela permite que dirijamos nossa atenção para produzir comportamento útil e adaptativo e para que nos sintamos bem sobre nós mesmos.
      No início da vida o cérebro
desenvolve a organização que será a estrutura para comportamento e aprendizagem posteriores.
 Nesses primeiros anos,
os movimentos espontâneos, as brincadeiras que envolvem o corpo todo, são muito eficazes em desenvolver o sistema nervoso. O cérebro humano frequentemente tem sido comparado a um computador. Ele depende da informação que recebe do ambiente através dos sistemas sensoriais. Depende de informação visual, auditiva , táctil  olfactiva e gustativa. Além disso, precisa também de informação sobre gravidade e movimento. O cérebro reúne todas essas sensações e as organiza para um plano de acção. Um distúrbio na recepção e organização das informações sensoriais recebidas sobre o mundo vai afectar o desempenho nas demais áreas. Quando a criança não recebe informações sensoriais importantes de forma clara e concisa, pode não estar recebendo o “alimento” que o cérebro precisa para o processo de aprendizagem. Assim, vemos crianças muito inteligentes que não produzem de acordo com o potencial intelectual que possuem. Podemos então suspeitar que exista uma dificuldade no processamento sensorial.
A maioria das pessoas com autismo ou Asperger exibe sintomas de disfunção de integração sensorial, tornando difícil para elas processar as informações trazidas pelos seus sentidos. Elas podem ter um comprometimento sensorial leve, moderado ou intenso, manifestando-se tanto pela hipersensibilidade ou pela hiposensibilidade ao toque, som, etc. Por exemplo, a pessoa hipersensível pode evitar ser tocada enquanto uma hiposensível vai procurar pelo estímulo de sentir os objectos e pode gostar de ficar em lugares apertados, restritos ou quentes (camas com muitas cobertas ou armários, por exemplo.). Muitos comportamentos comummente vistos como "comportamentos autistas , como andar na ponta dos pés, balançar as mãos e ficar rodopiando, podem ser na verdade sintomas de disfunção da integração sensorial.
                                                                               
Alguns sinais de problemas na integração sensorial:

- Falta de força e tônus muscular, o que pode resultar em má postura e fadiga
- Má consciência espacial e desenvolvimento pobre da percepção de posição, resultando em insegurança durante os movimentos.
- Falta de coordenação entre os dois lados do corpo. A criança pode ficar desajeitada e confusa quando as duas mãos precisam trabalhar em conjunto, como para atividades de cortar ou escrever.
- Falta de coordenação entre os olhos e o corpo, de modo que há uso ineficaz de informação visual para auxiliar no desempenho de acções.
- Atenção de curta duração. A criança geralmente tem dificuldade em focalizar nas tarefas que precisa fazer.
- Lentidão ao desempenhar ou aprender tarefas motoras novas, uma vez que precisa pensar sobre cada movimento que faz. Desajeitada, bate-se nas coisas ou cai muito parecendo não ver os obstáculos no caminho.
- Comportamento hiperactivo; a dificuldade em concentração faz com que perceba todas as coisas ao mesmo tempo e não consiga se concentrar em uma só.
- Sentido táctil mal desenvolvido, fazendo com que não goste de ser tocada, tenha dificuldade em aprender sobre a forma e textura das coisas. Por outro lado, pode não perceber seu espaço pessoal e tocar demais as pessoas, chegar perto demais.
- Criança extremamente difícil para se alimentar: só come comidas com um certo tipo de textura, ou na mesma temperatura.
- Apresenta medo excessivo, isola-se.
- Dificuldade em graduar a força que precisa para manipular objectos ou tocar as pessoas.
- Problemas em usar e entender linguagem, resultando em problemas na fala, leitura e escrita. Problemas na articulação da fala sem razão aparente.
Nem todos esses sinais precisam estar presentes e geralmente não estão presentes ao mesmo tempo. A intensidade com que aparecem e o número deles que a criança apresenta vão determinar o quanto interferem em sua habilidade de aprender.
Nos casos em que a informação não é integrada da forma que deveria ser, dizemos que existe uma Disfunção de Integração Sensorial (DIS). Quando há suspeita de que a criança apresenta disfunção de integração sensorial, é indicada uma avaliação por terapeuta ocupacional com especialização nessa área. Dependendo dos resultados da avaliação pode ser indicada uma terapia com uma abordagem de integração sensorial.
Um aspecto importante da terapia de integração sensorial é que a motivação da criança e o brincar é que são as ferramentas usadas. Através de um ambiente sensorial enriquecido, recomendações de uma “dieta sensorial” para o lar e brincadeiras que levam a criança a perceber melhor o mundo ao seu redor, essa criança pode desenvolver uma melhor integração sensorial e vir a produzir de acordo com seu potencial intelectual.
O objectivo da Terapia de Integração Sensorial é facilitar o desenvolvimento das habilidades do sistema nervoso para que ele consiga organizar, processar e interpretar os estímulos sensoriais normalmente. Com a terapia o cérebro coloca as mensagens sensoriais juntas e devolve a informação correta em resposta ao estímulo que foi dado. A terapia de integração sensorial usa exercícios neuro sensoriais e neuro motores para estimular a própria habilidade do cérebro em se reparar. Quando a terapia é bem sucedida, ela pode desenvolver a atenção, concentração, audição, compreensão, equilíbrio, coordenação e o controle da impulsividade nas crianças.
A avaliação e o tratamento do processo básico de integração sensorial nas crianças autistas são geralmente oferecidos por terapeutas ocupacionais ou fisioterapeutas. Um programa especial deverá ser planeado para fornecer a estimulação sensorial necessária, sempre em conjunto com atividades musculares propositados  visando o perfeito funcionamento do cérebro em processar e organizar as informações sensoriais. A terapia também sempre requer atividades que consistem num movimento completo do corpo, utilizando diferentes tipos de equipamentos.
A terapia envolve atividades sensoriais específicas (balanço, salto, escoação etc) que pretendem ajudar a pessoa a regular sua resposta sensorial. O resultado destas atividades pode ser melhor foco, comportamento melhorado e ansiedade controlada. Sabe-se que a terapia de integração sensorial não ensina habilidades próprias de nível altíssimo, mas incrementa as habilidades do processo sensorial, o que permite a aquisição dessas outras habilidades.
Para pessoas com autismo ou Asperger que fazem o programa Son Rise e têm DIS, elementos de terapia de integração sensorial podem ser levados ao quarto de brincar, com o auxílio de um profissional qualificado em Terapia de Integração Sensorial.

Referências:

http://sites.google.com/site/desvendandooautismo/integracao-sensorial


http://www.toi.med.br/t2.htm

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