sábado, 10 de janeiro de 2015

Alimentação adequada pode ajudar – e muito – as crianças autistas

Elas não se comunicam com quem está a sua volta, têm olhar distante Algumas falam, demonstram inteligência. Outras, além de tudo, podem apresentar retardo mental. Crianças autistas sofrem de uma alteração cerebral, que as leva a viver num mundo particular. Mas a alimentação adequada pode minimizar seus problemas. Segundo a nutricionista Priscila Spiandorello, a “nutrição é um importante contribuinte para amenizar as características e os sintomas das desordens autísticas, ocorrendo melhora significativa na sociabilidade e comunicação”.  


Só que o cardápio dos pequenos autistas não pode ser comum a todos: deve-se respeitar a individualidade de cada criança, para garantir uma nutrição adequada e balanceada, com alimentos ricos em nutrientes que levem à produção de substâncias químicas necessárias para o funcionamento cerebral. “Assim como aquelas que são necessárias para que o organismo produza internamente outras substâncias químicas, enzimas e hormônios, retirando-se possíveis alimentos alergênicos, caseína (tipo de proteína encontrada no leite e derivados) e glúten, alimentos industrializados, açúcar e aditivos químicos em geral, tratando a disbiose intestinal (quando as bactérias da flora normal ficam em minoria e o organismo torna-se debilitado, com a diminuição da capacidade de defesa orgânica) e melhorando sua permeabilidade”, explica a nutricionista.  

Ou seja, nada de corantes, conservantes, alimentos industrializados, açúcar, soja, leite e derivados, produtos com trigo, aveia, cevada, centeio e glutamato monossódico. Priscila observa que os peptídeos (resultantes do processamento de proteínas) derivados da caseína e do glúten apresentam similares opióides (substâncias naturais ou sintéticas derivadas do ópio) afetam os neurotransmissores no sistema nervoso central (SNC). ” Também promovem efeitos como a redução do número de células nervosas do SNC e a inibição de alguns neurotransmissores. Quando o intestino está permeável, ele permite que essas proteínas passem ao sangue chegando até o cérebro, causando alterações comportamentais”, comenta ela.  

Mas, felizmente, existem suplementos que podem ajudar no combate aos sintomas do autismo: “Vitaminas e minerais, ômega 3, probióticos, antifúngicos, enzimas digestivas. Mas sempre devemos analisar as necessidades individuais de cada paciente”.  

A nutricionista funcional observa que o autismo também pode ser provocado ou intensificado por fatores externos. “A ingestão, inalação ou absorção pela pele de metais pesados ou substâncias que os componham, podem resultar em situações como o autismo, atraso mental, doenças, cansaços… Vivemos num mundo demasiadamente poluído, e que pode agravar toda esta situação”. E acrescenta: “Substâncias tóxicas enfraquecem seus sistemas de desintoxicação causando estresse oxidativo, disfunções imunes, deficiência de enzimas e energia, rupturas na comunicação celular e início e agravamento da inflamação crônica”.  

CUIDADOS ANTES DE NASCER  

Desde o útero é importante que a criança conviva com bons hábitos alimentares da mãe e afastamento de fatores externos que podem agravar a doença. “Fatores como a exposição a toxinas podem ocorrer no período de gestação e amamentação, afetando o feto e criança recém-nascida. Por exemplo, na vida intrauterina o feto fica exposto a cerca de 90 a 250 compostos químicos”, explica a nutricionista funcional.  

Segundo Priscila Spiandorello, muitos problemas relacionados ao autismo podem ser tratados com ampla variedade de terapias, tendo diferentes graus de êxito. “Não existe uma origem única dos problemas vistos no autismo. Podemos citar a relação do autismo com o trato gastrointestinal, a sensibilidade ao glúten e caseína, o sistema imune, os erros inatos do metabolismo e a toxicidade por metais pesados. É uma desordem complexa com muitos fatores etiológicos”

Sem comentários: